segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Muita coisa por nada.. O caso da Rua São José e os Problemas Urbanos de Ouro Preto. 1/10



Da Casa dos Contos ao Largo da Alegria, passando pela casa de Tiradentes, a rua São José é uma das mais charmosas vias de Ouro Preto. Uma das poucas ruas planas da cidade, ela é passagem para quem quer ir às igrejas do Pilar e do Rosário.

A rua sempre teve tradição de comércio. O Almanaque de Ouro Preto, de 1890, mostra que havia na rua dentistas, fabricantes de calçados, de mobílias, ourives, farmácias, fotógrafos, alfaiates, charutarias, restaurantes, duas casas de tiro ao alvo, colchoarias, salões de barbeiros, relojoeiros, negociantes de fazendas, de ferragens, de louças, de chapéus, de gêneros, de peixes e frutas, além do Depositário de Tecidos da Companhia Cedro e Cachoeira.

Hoje, a rua abriga os bancos Real, Itaú, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e HSBC. A Receita Federal fica no térreo da Casa dos Contos, o museu da moeda de Ouro Preto, onde morreu o inconfidente Cláudio Manoel da Costa. O tradicional Hotel Toffolo, com mais de 100 anos de vida, abrigou várias pessoas ilustres, como Pedro Nava, Afonso Arinos de Melo Franco e o poeta Vinícius de Moraes. Mais à frente, na casa onde nasceu o poeta Alphonsus de Guimarães, há o restaurante Chafariz. Na parte superior da casa, é possível comprar o tradicional licor de jabuticaba, feito pela bioquímica Maria José Trópia, a Zezé. Completam a lista de iguarias o Café & Cia e o restaurante Sabor de Minas.

Há ainda muitas lojas de roupas, de cosméticos, de artigos para casa, de móveis, de artesanato. E a tradicional loja do sr. Almiro Neves, com cerca de 70 anos de existência; uma das mais antigas da rua, assim como a Pharmácia Central, capitaneada pelo farmacêutico Almir Barbosa. A papelaria Kodak, do sr. José Gomes, é também uma das mais antigas lojas da rua.

As atrações turísticas da rua são a Casa dos Contos, a Ponte dos Contos, em cantaria, e a casa onde hoje funciona a Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Ouro Preto. Esta casa está no terreno onde teria vivido Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Segundo a lenda, quando demoliram a casa que se encontrava no terreno, encontraram moedas e barras de ouro, além de alguns documentos. Com medo, ele destruiu os documentos, e vendeu as barras de ouro. Não há comprovação desse fato, mas é mais uma bela história da rua São José.

Logo ali, quase no agitado Largo da Alegria, moram os rapazes da república Boite Casablanca. Anônimos ou não, desde que chegaram a Ouro Preto alcunham agora o apelido recebido nos primeiros dias de Bixo. São eles os responsáveis pela harmonia nas noites de cantoria. Animados ao som do violão, que se pode ouvir do topo da Rua da Escadinha, cortam a madrugada com as canções regionais e a Viola de Folia.

Era da sacada branca daquela casa que o Sinistro tomava conta da rua. Durante o dia ficava ali, cabeça pra fora da grade acompanhando os passos dos pedestres que em baixo passavam. Se a campainha tocasse, ele recebia quem fosse no pé da escada – com o humor que merecesse a visita, é claro! As mulheres, sempre bem-vindas, ele acompanhava até o corredor como quem dá o braço a uma donzela. Com sua capa sempre preta e os olhos azuis, tinha a expressão séria e respeitadora. Por preguiça, dormia até mesmo ali na sacada. A não ser nas noites de viola à beira da churrasqueira, onde mantinha a ordem e permanecia sentado ao calor do fogo, quase sempre aos carinhos de uma amada.

No bucolismo das primeiras décadas do século XX, a rua São José abrigava o mais animado carnaval de Ouro Preto. As pessoas iam para a rua para cantar e dançar ao som das marchinhas compostas pelos blocos carnavalescos. As laranjas de cheiro, confete e serpentinas e os até então inocentes lança-perfumes dividiam o espaço com famílias inteiras, que se divertiam nos dias de folia. Nos demais dias do ano, a rua era o ponto do footing, no início da noite. Moças e rapazes iam e voltavam pela rua, dando meia volta no Largo da Alegria. Geralmente era no footing o início dos namoros. Muitos viraram até casamento. O nome oficial da rua São José era Tiradentes, devido à tradição que afirma que o inconfidente tinha uma casa na rua. Afonso Arinos de Melo Franco, no livro Roteiro Lírico de Ouro Preto, comenta a duplicidade dos nomes da rua. “O poeta e eu subíamos, subíamos, sem saber nem para onde, tínhamos certeza de que estávamos na rua de S. José, mas as placas teimavam em dizer rua Tiradentes. Em Ouro Preto se passa essa coisa curiosa. O povo chama S. José à rua que a Prefeitura chama de Tiradentes. Já à rua que os poderes municipais crismaram de S. José o povo chama de Rosário”, diz


Fonte do texto: 
http://www.boitecasablanca.com/index.php?option=com_content&view=article&id=6&Itemid=5 http://ezerberus.multiply.com/photos/album/1087/1087


foto retirada de www.falaouropreto.com.br

A cidade assiste a mais longa obra de saneamento no seu centro, onde manobras judiciais, dúvidas e muita terra dividem espaço com a nossa rotina diária.
A cidade não pode ficar apenas focada em querelas minusculas e sim na solução do seus grandes problemas. Quando a Lei da Assistência Técnica de Engenharia e Arquitetura Pública sairá do papel?

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Urbarquitetura

  • termo que se refere ao pensamento da coisa urbana, da distribuição racional, intencional, com tecnica sobre o território.