Divagações sobre Arquitetura e Urbanismo I
Durante o séc. XX nasceu e definhou a visão sobre Arquitetura e Urbanismo fabulosamente Ousada, Radical e Utópica. Uma ideologia marcada pela negação do seu próprio passado, para a adoção de um ideário novo; uma nova linguagem, uma nova leitura, representativa da era da máquina, evoluída, eficiente e moderna.
A Ousadia consistia numa resposta a qualquer solicitação, tudo podia ser mudado, transformado, se adequando assim qualquer projeto a qualquer canto do mundo. Representada assim, por uma tecnologia mantida por somas cada vez maiores de matérias primas e energias não sustentáveis.
O Radicalismo desse ponto de vista estava na busca arquétipa do morar, transitar, exercitar, viver em conjunto com a sociedade e ainda ter privacidade. Não contando com as diferenças culturais, sociais, econômicas, um mundo pós-capitalista, pós-armamentista, pós-republicano, Super-equipado e auto-energético.
A Utopia era crer que em uma, duas, três gerações tudo estaria mudado. Velhos tecidos urbanos, velhas marcas da (in)(e)volução do homem deveriam ser arrasadas, ou tratadas como acervo ao céu aberto, exibindo formas criadas por mentalidades ultrapassadas e decadentes que deveriam ser extipardas da nova cidade.
Durante o séc. XX; Guerras, Epidemias, viagens espaciais, desastres sociais, bomba h laser, computador, internet... A genialidade humana nunca avançou tanto, como nunca antes em cem anos o ser humano se tornou um hiper-evoluido. Capaz de em milésimos de segundo viajar pelo globo através de cabos ou por ondas magnéticas, em tempo real temos guerras distantes, pessoas morrendo de fome e de doenças, desgraças naturais e informações sobre cultura e incultura de todos os lados.a hiper-informação, produziu o hiper-cinismo, uma hi(per)pocrisia, a desumanidade em tempo real.
Diferentemente dos arquitetos e urbanistas do séc.XX, idealizadores de novos mundos, que apenas conheciam o que os cercavam ou pelos livros ou por visitas in loco, os arquitetos e urbanistas do séc. XXI, da Arquitetura e Urbanismo da era Hiper-tecnológica, conhecem o mundo, o sítio via satélite, o lugar por “panorâmicas”, os clientes, grupos por emals, as culturas pelo google e orkut...
O desafio tecnológico está em responder, em romper a barreira, a parede de informações que não permite o contato com a realidade; geo-sócio-econômico-cultural que é o urbanismo, um complexo abstrato que concretamente se espalha no território, uma incógnita-poliforme- aleatória- pulsante de crescimento espaço-temporal. Cons tituída de grupos, unidades e células mínimas culturais-espacias.Um organismo vivo! Saudável se bem cuidado, perigoso e fatal quando é abandonado!Disposto por forças abstratas, etéreas e voláteis, representadas por grupos minúsculos de indivíduo-vírus detentores do dinheiro e do poder.
Na era Hiper-tecnológica as ferramentas do planejamento estão no universo virtual; a ideologia moderna do arrasa quarteirão, deve ser aplicada no instrumental planejador, o modelo que se aplica é equivocado, unilateral, pseudo-tecnocrata, um ideograma de algo mais complexo, variável, multifocal. Ações, Racionalização, Eficiência, Qualidade, Resultados, velhas máximas inexoráveis.
A Ousadia está em subverter a mentalidade: retrógrada, imediatista, superficial e ignorante dos administradores “públicos”. O Despreparo do entender a população, a questão urbana, a questão humana, Estimular o despertar do conhecimento esquecido, o resgate da tradição da tomada do espaço urbano-humano, com seus símbolos, signos e significados de transformar o ordinário em algo mágico, mesmo sendo efêmero e ou casual.
O Radicalismo é de acabar com a arrogância intelectual do “sei”, pelo-Não sei... No descobrimento do mundo do olhar infantil, curioso e transformador.De descobrir o novo, de entender o velho, de respeita-lo ou não, de não ter medo de tentar, e buscar o olhar de outra forma aquilo que sempre foi, ouvir aqueles que nunca dizem,observar os caminhos de agora com os olhos de ontem e com os olhos do amanhã. Ser radical é arrasar o novo que substancialmente não inova, apenas deprime, esvazia, emudece.
A utopia está no virar da esquina. No sorriso no rosto, no nascer do sol, nas sombras da arvore, na alegria momentânea de fazer parte de algo maior e ter consciência disso.
Um comentário:
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