A CIDADE É UM ECOSSISTEMA?
Alguns consideram as cidades como ecossistemas por estarem sujeitas aos mesmos
processos que operam em sistemas silvestres. Outros argumentam que a despeito
de as cidades possuírem algumas características encontradas
em ecossistemas naturais, não podem ser consideradas ecossistemas verdadeiros,
devido à influência do homem. O fato é que se definirmos
ecossistema como um conjunto de espécies interagindo de forma integrada
entre si e com o seu ambiente, as cidades certamente se encaixam nesta definição.
As grandes cidades e outras áreas povoadas estão repletas de
organismos. O construtor destes hábitats artificiais é o homem,
mas uma infinidade de outras criaturas aproveitam e se adaptam a esses novos
hábitats recém criados. Os organismos urbanos, incluindo o homem,
também se relacionam com os outros organismos e estas interações
podem ser estudadas, sob o ponto de vista conceitual, da mesma forma que relações
ecológicas de ecossistemas naturais. Por outro lado, os centros urbanos
se desenvolvem de forma diferente dos ecossistemas naturais. Alguns processos
e relações ecológicas são mais intensos nas cidades.
Um exemplo é a invasão de espécies. Outros são
de menor importância, como poderia ser o caso da competição,
enquanto que os mutualismos aparecem em porcentagem alta. Em outros casos,
como o da sucessão ecológica, os processos são mascarados
pela constante interferência humana.
A produtividade, e conseqüentemente a diversidade e complexidade dos
ecossistemas, depende da obtenção de energia. A principal fonte
de energia na maioria dos ambientes naturais é a solar.
O sol atinge as áreas urbanas, mas a produção é
baixa, pois estas dependem diretamente da quantidade de áreas verdes,
que é comparativamente pequena, e do estágio de sucessão
das comunidades vegetais. A sobrevivência das cidades, portanto, depende
da importação de outros tipos de energia. Enquanto a grande
maioria dos ecossistemas naturais tem seus próprios produtores de energia
(plantas verdes) os quais sustentam uma certa biomassa de consumidores, as
cidades possuem pouca área verde e, mesmo nesses casos, as plantas
não são utilizadas para consumo humano, com exceção
das hortaliças.
Estas áreas verdes, no entanto, cumprem funções importantes
como a de produzir oxigênio, esfriar o ar por meio da sua transpiração,
absorver poluentes, servir como barreiras acústicas e satisfazer necessidades
estéticas. As cidades tampouco têm um contingente suficiente
de animais para consumo humano. Desta forma, sobrevivem da importação
de alimento de outras regiões, muitas delas do outro lado do mundo.
Cidades também precisam importar uma série de outros recursos
para sobreviver. Entre eles contam-se água e outras matérias
primas.
Em troca pelos produtos necessários à sua sobrevivência,
as cidades fornecem bens manufaturados, serviços, informação,
tecnologia e formas de recreação. Ao mesmo tempo precisam se
desfazer dos resíduos e do calor gerados por estas atividades. A entrada
constante e maciça de matéria para o sustento da cidade muitas
vezes supera a sua capacidade de eliminar resíduos, o que traz como
conseqüência o aumento dos níveis de determinadas substâncias
até o ponto em que passam a ser considerados poluentes. O problema
do lixo e a sua degradação é um dos mais sérios
nas grandes cidades. Os resíduos sólidos são geralmente
depositados em áreas adjacentes aos centros urbanos, em aterros com
diversos graus de segurança para evitar a contaminação
do solo e dos lençóis freáticos. O problema do grande
volume de resíduos gerados tem sido resolvido de forma parcial mediante
programas de reciclagem de materiais como plástico, vidro, papel, metais,
programas de compostagem, ou uso de material biodegradável. Trata-se,
no entanto, de processos industriais caros e portanto economicamente inviáveis
para muitos centros urbanos.
Qualquer área urbana é formada por uma variedade de hábitats,
desde os semi-naturais até os que surgem como conseqüência
direta da ocupação humana.
A interferência do homem impõe um mosaico de pequenas paisagens
adjacentes em uma área relativamente reduzida. Assim, o espectro de
hábitats nos centros urbanos é amplo: de parques municipais
e florestas urbanas até grandes áreas de construção
civil, industrial e aterros. Estas características de mosaico fazem
com que a biodiversidade urbana possa ser mais alta do que as áreas
rurais adjacentes. Alguns centros urbanos constituem ilhas de diversidade
por servirem como refúgio de muitos animais que fogem de regiões
devastadas.
O complexo urbano oferece a estas espécies lugares apropriados para
a sua sobrevivência, alimento e, não raramente, um local livre
dos seus predadores e competidores naturais. No entanto, para que a espécie
recém-chegada tenha sucesso como colonizadora é necessário
que o ambiente urbano contenha as condições adequadas para a
sua sobrevivência, como alimento e locais para reprodução.
Naturalmente a abundância de muitas espécies está correlacionada
negativamente com o grau de urbanização. Plantas, por exemplo,
precisam de solos especiais ou de um certo tipo de polinizador para produzir
sementes.
Em outros casos a espécie pode se desenvolver somente em estágios
avançados de sucessão ecológica, que em geral não
ocorrem nas cidades. Entre as plantas melhor adaptadas às cidades encontram-se
aquelas de pequeno porte, resistentes à poluição e pouco
exigentes em termos de nutrientes, como são em geral as compostas e
gramíneas.
Um exemplo de grupo de vertebrados que se adapta bem às cidades é
o das aves, pela sua grande capacidade de deslocamento e também pela
plasticidade comportamental. As aves podem utilizar qualquer fragmento de
área com vegetação disponível.
Em muitos casos adaptaram-se ao convívio com o homem de forma estreita,
utilizando o alimento que obtêm do mesmo e sobrevivendo em construções.
Naturalmente, nem toda espécie de ave consegue se adaptar a áreas
densamente povoadas, mas aquelas que conseguem atingem altos níveis
populacionais. Exemplos típicos de aves extremamente adaptadas aos
ambientes urbanizados são pardais e pombos, que utilizam até
pedaços de arame para construir seus ninhos.
Outros vertebrados altamente dependentes da presença humana são
os domesticados. Já um bom exemplo de animais dependentes das atividades
humanas mas que não foram introduzidos para domesticação
são os ratos. Estes têm as características de espécies
invasoras: plasticidade comportamental, alta capacidade de dispersão
e alta capacidade reprodutiva, que é ampliada pela ausência de
inimigos naturais.
As cidades também oferecem maiores chances de hibridização
ao quebrarem barreiras geográficas mediante a introdução
de espécies de forma acidental ou para uso do homem. Estas podem entrar
em contato com espécies aparentadas, e resultar em híbridos.
O caso de híbridos de cão e coiote nos EUA é bem conhecido.
Os coiotes aproximaram-se dos povoados devido à destruição
do seu hábitat natural. Entre os invertebrados típicos de cidades
têm lugar destacado as baratas, formigas, barbeiros, cupins, traças,
piolhos e mosquitos. Trata-se de espécies oportunistas ou diretamente
vinculadas ao homem, muito bem adaptadas às cidades e de difícil
controle. Todos os animais citados acima vivem em estreita associação
com o homem, o que não significa que sejam controlados por este. Quando
o crescimento populacional de uma espécie introduzida ou a sua atividade
afeta alguma atividade humana, esta passa a ser considerada uma praga. A definição
de praga depende de cada ponto de vista. Pragas são organismos considerados
indesejáveis, e esta classificação varia com o tempo,
local, circunstâncias e atitude individual. Plantas que na natureza
são parte do ambiente podem ser vistas como ervas daninhas se danificam
propriedades ou tornam-se competidoras de plantas ornamentais, o que freqüentemente
ocorre em áreas urbanizadas. A introdução de espécies
de outras regiões biogeográficas é um fenômeno
universal, mas a proporção de espécies introduzidas que
se estabelecem com sucesso é maior nas cidades do que em áreas
rurais ou de florestas. Isto torna-se possível por vários motivos:
1) alimento disponível,
2) refúgio de inimigos naturais,
3) reintrodução constante feita pelo homem, intencional ou
acidental,
4) hibridização entre espécies exóticas e nativas,
5) exploração de novos nichos.
A taxa de imigração costuma ser mais alta do que a de extinção
pelas constantes reintroduções, mas uma sucessão ecológica,
em que as espécies dentro de uma comunidade vão sendo substituídas
ao longo do tempo, raramente se verifica, pois as perturbações
induzidas pelo homem são grandes e freqüentes. Os processos vinculados
à sucessão ecológica estão altamente comprometidos,
pois o homem age sobre estes continuamente, podendo interrompê-los ou
moldá-los de acordo com a sua conveniência. Devido a esta interferência,
o desequilíbrio ecológico dos ecossistemas urbanos é
constante.
As perturbações podem ser diretas, pela mudança da paisagem
mediante construções, pavimentação, passagem de
veículos, diversos tipos de controle sobre a vegetação
como plantios, podas, uso de herbicidas, ou uma conseqüência destas,
como deslizamentos de terra e inundações, erosão e diversas
formas de poluição. Um dos principais componentes estruturadores
de comunidades são as interações biológicas.
Com relação às interações entre espécies,
a competição costuma ser pouco importante na maioria das áreas
urbanas. Isto se deve a que a quantidade de nichos é grande, as espécies
que conseguem se adaptar encontram recursos suficientes e as cidades passam
constantemente por transformações que são prejudiciais
para muitas das espécies, fazendo regredir ou mudar estas interações
dependendo das mudanças efetuadas. Mutualismos, no entanto, verificam-se
em proporção mais alta do que em muitos ambientes naturais.
Na maioria destes trata-se de uma dependência recíproca entre
o homem e outras espécies domesticadas para seu proveito. Quanto à
pressão de predação como força estruturadora da
comunidade, esta não se verifica na sua totalidade pois a maior parte
da biomassa para alimentar os diversos componentes vem de fora do sistema,
mostrando uma alta dependência das áreas rurais, notadamente
outro tipo de sistema antropogênico (gerado pelo homem), que são
os agroecossistemas. A importação de alimento e a falta de ligação
entre as comunidades dos diversos
As estruturas urbanas e a densidade e atividade dos seus ocupantes criam
microclimas especiais. A pedra, o asfalto e outras superfícies impermeáveis
que substituem a vegetação têm uma alta capacidade de
absorver e re-irradiar calor. A chuva é rapidamente escoada antes que
a evaporação consiga esfriar o ar. O calor produzido pelo metabolismo
dos habitantes e aquele gerado pelas indústrias e veículos ajudam
a aquecer a massa de ar. Estas atividades também liberam na atmosfera
vapor, gases e partículas em grandes quantidades.
Estes processos geram uma região de calor sobre as cidades onde a
temperatura pode ser até 6oC mais alta do que no ambiente circundante.
Este fenômeno é mais marcante no verão em áreas
temperadas, quando os prédios irradiam o calor absorvido. As cidades
recebem menos radiação solar que áreas rurais adjacentes
pois parte desta é refletida por uma camada de vapor, dióxido
de carbono e matéria particulada. Esta mesma camada faz com que a radiação emitida pelo solo
seja refletida de volta para a terra. As partículas no ar agem também
como núcleos de condensação de umidade, produzindo um
nevoeiro conhecido como ‘smog’ (do inglês ‘smoke’
+ ‘fog’= fumaça + nevoeiro), a principal forma de poluição
do ar.
Normalmente o acúmulo de poluentes é carregado para o alto
através das massas de ar, que sobre as cidades apresentam um gradiente
de temperatura em que o chão é mais quente que as camadas superiores.
No entanto, pode ocorrer que uma massa de ar mais quente que aquela sobre
a cidade se instale imediatamente sobre esta, interrompendo o fluxo normal
de ar para acima e impedindo que os poluentes e o calor se dissipem. Este
fenômeno, mais freqüente no inverno e em cidades localizadas em
vales, é conhecido com inversão térmica. Grandes cidades
geralmente sofrem diariamente as conseqüências do smog. Aquelas
sujeitas a smog industrial são chamadas de cidades de ar cinza e caracterizadas
por um clima temperado, com invernos frios e úmidos. As atividades
industriais e de aquecimento das residências produzem dois tipos principais
de poluentes: partículas e óxidos de enxofre (impurezas contidas
nos combustíveis). Estes óxidos reagem com o vapor atmosférico
formando ácido sulfúrico, que corrói metais e outros
materiais, além de ser perigoso para a saúde humana. As cidades
sujeitas a smog fotoquímico (de ar marrom) geralmente têm clima
mais quente e seco, e a maior fonte de poluição é a combustão
incompleta de derivados de petróleo, o que favorece a formação
de dióxido de nitrogênio, um gás amarelado.
Na presença de raios ultravioletas este gás reage com hidrocarbonetos,
formando uma série de poluentes gasosos conhecidos como oxidantes fotoquímicos.
A maioria das grandes cidades sofrem de ambos os tipos de smog. As emissões
de dióxido de enxofre e de nitrogênio em contato com o vapor
do ar convertem-se rapidamente nos ácidos sulfúrico e nítrico,
que podem ser carregados pelos ventos e precipitar em lugares distantes do
onde foram gerados na forma de chuva ácida. Alguns métodos para
controlar a emissão de óxidos de enxofre e de partículas
que têm sido sugeridos são: economizar no consumo de energia,
mudar as fontes de energia de combustíveis fósseis para energia
solar, eólica ou geotérmica, retirar o enxofre do combustível
antes ou depois da combustão e estabelecer impostos “ecológicos”
sobre a emissão de poluentes. Entre os métodos sugeridos para
reduzir a poluição por veículos destacam-se: otimizar
o uso de veículos particulares, melhorar o transporte coletivo, utilizar
motores elétricos e outros combustíveis como gás natural,
hidrogênio e álcool, aumentar a eficiência do combustível,
controlar a emissão de gases e de formação do smog.
PROBLEMAS ECOLÓGICOS DAS GRANDES ÁREAS URBANAS
Alguns dos aspectos mencionados anteriormente, como a importação
de alimento e energia, são comuns a qualquer centro urbano, independentemente
do seu tamanho. Outros, no entanto, acontecem de forma problemática
somente nas grandes cidades. Entre estes últimos, foram mencionados
a poluição do ar e o destino dos resíduos sólidos.
A construção desordenada em áreas de risco e as deficiências
no saneamento básico também afetam de modo mais drástico
as grandes cidades. Um aspecto importante que deriva diretamente da alta densidade
populacional é o da transmissão de doenças. Antes que
os humanos se tornassem sedentários com o advento da agricultura, as
condições para a transmissão e persistência de
doenças virais e bacterianas eram pouco adequadas, principalmente devido
ao pequeno número de hospedeiros e seu isolamento.
À medida em que os núcleos urbanos foram crescendo, os seus
habitantes viraram reservatórios das doenças e a erradicação
destas foi ficando mais complicada. O comércio e posteriormente as
viagens intercontinentais propiciaram a introdução de doenças
contra as quais as populações não eram imunes. Atualmente,
apesar dos avanços da medicina, características como superpopulação,
mudanças ambientais e intercâmbio intenso de mercadorias são
fatores de risco que beneficiam o espalhamento de novas doenças ou
novas formas de doenças conhecidas, principalmente aquelas como a gripe,
cujos vírus têm uma alta taxa de mutação. Da forma
em que existem atualmente, os sistemas urbanos são artificiais, imaturos
e ineficientes em termos energéticos. Precisam da importação
de grandes volumes de energia e alimento para a sua manutenção,
e por isso não se auto-sustentam. Por outro lado, cidades têm
caracteristicamente uma alta heterogeneidade espacial, o que proporciona uma
alta diversidade.
Embora isto pareça um contra-senso, casos de maior diversidade em
cidades do que no ambiente natural em que estão inseridas são
comuns. Como exemplo podemos citar povoamentos estabelecidos em regiões
desertas ou áridas, em que água e outros recursos são
importados e concentrados na urbe. A manutenção da biodiversidade
urbana é importante não só para a própria sobrevivência
do homem, mas também pelo seu valor intrínseco. Devido à
forte ligação dos organismos urbanos com o homem, é necessário
um envolvimento mais efetivo das ciências naturais com as sociais para
integrar os conceitos ecológicos ao processo de planejamento urbano.
Para haver esta integração, são necessárias mais
pesquisas sobre quais são e como se organizam os processos ecológicos
que agem nos ecossistemas urbanos.
Ecologia urbana o que é?
A ecologia urbana se resume as cidades, urbanas-rurais. As
cidades estão inseridas no ecossistema que constituiu o suporte as construções humanas sobre um território
geográfico, geológico e condições climáticas
que interagem incessantemente e condicionam sua vida. Dessa interação temos duas viéses: a Cidade ideal e a Cidade real, que sofre da crise urbana com níveis cada vez mais alarmantes
Como agir:
a) aperfeiçoar seu monitoramento e elaborar novas leis e metas que
acompanhem uma tendência internacional cada vez mais exigente;
b) reduzir as emissões automotivas, industriais e domésticas
de gases de efeito local (particulado em suspensão, SO2, CO, NOx, hidrocarbonetos,
ozônio etc.) de forma articulada com medidas de redução
das emissões de dióxido de carbono(CO2) e de metano que contribuem
para o chamado efeito estufa(ou aquecimento global) dentro da meta de redução
das emissões em 20% até o ano 2005, conforme prevê a Convenção
sobre o Clima, adotada na Conferência Rio 92;
c) instituir a inspeção ambiental anual de todos os veículos
retirando de circulação os irrecuperavelmente poluentes e obrigando
os demais a cumprirem padrões progressivamente mais rígidos
de emissão.
d) estabelecer parâmetros urbanísticos que permitam diminuir
emissões, garantir corredores de ventilação e evitar
ilhas de calor;
e) Focar nas áreas verdes urbanas ou periféricas,
parques, jardins e arborização de rua são indispensáveis
para um ambiente urbano minimamente sadio. A preservação do
verde urbano não passa pela tentativa de mantê-lo intocável
mas pelo seu uso e aproveitamento bem organizado e compatível. O verde
"selvagem" no espaço urbano é de extrema vulnerabilidade
e sua não utilização, como unidade de conservação
aberta a um uso regulado e disciplinado pela população, o expõe
à ocupação irregular ou transforma em vazadouro de lixo
e entulho. A existência de um sistema integrado de parques, corredores
verdes, bacias de acumulação de águas pluviais, dotadas
de vegetação compatível, bem como áreas livres
de impermeabilização são importantes para uma qualidade
de vida aceitável e para a prevenção de inundações.
A arborização de rua - parte mais vulnerável do ecossistema
urbano - tem um papel indispensável na mitigação do calor,
da poluição do ar e sonora. A proteção e o manejo
superavitário da arborização pública é
um dos grandes desafios de ecologia urbana.
f) tirar do papel e implantar efetivamente as leis, projetos e criar áreas de conservação
urbanas que devem ser demarcadas, sinalizadas, protegidas e dotadas de infra-estrutura,
buscando-se parcerias com ONGs e empresas privadas para sua implantação
prática e conservação, evitando a pressão imobiliária, riscos geológicos e futuros problemas maiores;
g) Urbanismo sustentável: o modelo vigente é condicionado pelo rodoviarismo,
pelo primado absoluto do transporte individual,
concepções que promovem a desintegração social
e um virtual "apartheid" urbano opondo dois universos: de um lado
a classe rica e média, motorizada, em bairros residências e condomínios
fechados e do outro os pobres e excluídos em favelas ou periferias
miseráveis. A Cidade que conceba a cidade como parte da natureza
que a cerca e como espaço democrático de integração
social e solidariedade que considera a rua como local privilegiado de convívio
e questiona as propostas que tendam a segregar ou isolar.
h) o conceito de usos múltiplos compatíveis com ruas onde se
combine harmoniosamente o residencial com o comercial, espaços culturais
e de lazer etc. quebrando-se as segregações rígidas que
condicionam horários vazios (portanto de insegurança) e induzem
a deslocamentos automobilísticos mais freqüentes e longos;
i) O estímulo ao comércio lojista de rua como forma de manutenção
do multiuso dos bairros e a construção de shoppings condicionados
ao planejamento urbano sustentável. Uma tipologia urbana mais densa
e tradicional, que permita a redução dos desperdícios
energéticos e dos investimentos em infra-estrutura;
j) as calçadas livres para a circulação e o convívio
coibindo sua ocupação abusiva e desordenada, disciplinando o
comercio informal em áreas compatíveis;
k) a municipalização das políticas habitacionais com
utilização dos recursos do sistema financeiro de habitação
na construção de habitações para os setores mais
carentes, privilegiando soluções comunitárias, baratas
e em dimensões sustentáveis, em sistema de compras coletivas
e mutirão;
l) a urbanização de favelas, bairros carentes e morros, sua integração à
cidade formal com titulação dos moradores e uma legislação
urbanística e ambiental específica;
m) limitação do crescimento das favelas já existentes,
sobre áreas verdes contíguas, criando limites físicos, como o cercamento,
procedendo à educação ambiental e a pactos de auto-regulação
do crescimento em contrapartida de benfeitorias e programas de mutirão
remunerado;
n) fornecimento de lotes urbanizados e de material de construção
para a população carente, em áreas adequadas, preferencialmente
em escala pequena e média;
o) desestímulo à criação de grandes conjuntos
em áreas distantes de periferia, onde não existe infra-estrutura
e os custos de transporte em tempo e dinheiro são exorbitantes para
os moradores;
p) enfrentamento da ocupação irregular em áreas de risco,
de proteção ambiental e de mananciais, combate à industria
das invasões e da construção e comércio de habitações
precárias nestas áreas. Criminalização efetiva
da grilagem urbana e do parcelamento ilegal;
q) o combate à poluição sonora mediante regulamentação
industrial para a fabricação de equipamentos menos ruidosos,
medidas de operação de trânsito, aplicação
local da legislação vigente e educação ambiental
para o conforto acústico;
r) defesa do patrimônio paisagístico e arquitetônico com
medidas contra a poluição visual.
s) implementação de planos locais de urbanização.